Uma passagem de vista no expediente do Osasco Audax, deixando de lado as trapalhadas da cartolagem que afundaram o clube à Segunda Divisão, vê-se uma marca de resistência do homem que iniciou tudo um pouco antes de 2010 – o Bradesco.
Ouve-se que Mário Teixeira é rei morto, que a voz que grita e dita ordem na Vila Yolanda é a do filho Gustavo, voz que se estende até o Audax Rio.
O clube se protege sob um Domo de Ferro (defesa militar antiaérea), acesso apenas via pente-fino. Tudo isso à parte e reforçando, a marca Bradesco no expediente do Audax é tipo digital do velho seu Mário.
No início de tudo, ele era um dos generais do banco e mandou artilharia pesada de investimento no futebol – entrou silenciosamente via Osasco Futebol Clube, categorias de base, tudo muito na valsa.
Não demorou, o OFC já era dele. Seo Mário tomou gosto, ampliou o campo de investimentos e colou no Grêmio Esportivo Osasco. Não demorou nada, o GEO era dele.
Então chegamos em 2013, o homem com munição de sobra vai lá no Grupo Pão de Açúcar e compra o Audax. Sim, tudo com o Bradesco a tiracolo.
BRADESCO SEGUE
Apesar de o futebol do Audax entrar em derrocada a partir do vice-campeonato paulista em 2016, seu Mário vem conseguindo manter o Bradesco na Vila Yolanda – mesmo que não em primeiro plano.
O filho Gustavo pode fazer e acontecer, mas todo mundo sabe que muita coisa no Audax ainda segue por causa do velho general. Tanto é que mesmo com o futebol profissional reduzido a migalhas, o banco faz-se presente nas categorias de base e também na equipe feminina.
Por fim, vale lembrar que em abril de 2009, quando o gigante vôlei de Osasco perdeu patrocínio do Finasa, o próprio Bradesco, via seu Mário, sustentou o projeto até a chegada da Nestlé cinco meses depois.
Avançando na linha do tempo, em 2108 o mesmo vôlei estava novamente na rua com a saída da multinacional e Mário Teixeira segurou o projeto via Bradesco – levou o Audax ao manto e garantiu Osasco em quadra até o projeto se estabilizar.
MEU BEM, MEU MAL
Seu Mário rompeu sucesso como investidor e empreendedor, construiu um verdadeiro império – no auge, o Audax posava status como os grandes do futebol brasileiro.
Por outro lado, ele causou importantes rachas – alguns boleiros que vivenciaram a ascensão do Audax, garantem que o próprio seu Mário causou o furo no Titanic.
Ouve-se de luxúrias desenfreadas, de reinado esbanjador e vida de corte desmedida, enfim, que o Audax criou o próprio buraco negro que o sugaria.
Mas o fato é que seu Mário pôs Osasco sob holofotes do futebol brasileiro e, se hoje é dado como rei morto e general da reserva, também é fato que o Bradesco segue no Audax por causa dele.
Se o leitor pergunta o que isso tem de importante, a resposta é unicamente pela história – quem viu o Audax em 2016 e o vê hoje, precisa saber dessa linha do tempo.
Se a luxúria de seu Mário teria a ver com a derrocada do clube, os desmandos da diretoria são as mãos que criaram a audaxlhotina – analogia à tenebrosa máquina de degola inventada por Joseph Ignace Gillotin em 1738, daí o nome do famoso aparelho da morte.