O prefeito era Jorge Lapas quando o Grêmio Osasco Audax Esporte Clube recebeu o estádio da Vila Yolanda como centro de treinamento – isso foi em março de 2016, dois meses antes de o clube levantar o troféu vice-campeão paulista.
Mas antes da concessão, o estádio já era usado pelo Audax, tanto que em janeiro de 2015 o próprio Lapas foi lá para inaugurar o centro de treinamento com padrão Fifa.

Do decretão até o recente rebaixamento do clube à Segunda Divisão, nove anos na conta. Naquela época, o Audax tremia sob a voz poderosa do megaempresário Mário Teixeira; hoje está sob ordens do filho Gustavo.
Enquanto o pai tinha comando, o CT foi transformado num resort e fazia valer o Audax absoluto no Estádio Municipal Elzo Piteri. Mas se por um lado o homem bombava grana sem dó, dentro das quatro linhas o clube sinalizava queda em série.
Nesse ínterim veio a pandemia, situação que impactaria o esporte no mundo todo e, no caso do clube, mais ainda com dono adoentado – por conta disso, hoje ele não tem condições de dar expediente no front de comando e, assim, Gustavo Teixeira é o cara.
Quanto a prefeitura, confia cegamente o estádio ao clube, não leva e conta o Audax fora da Primeira Divisão por rebaixamento.
Quando Lapas assinou a cessão, foi para validade de cinco anos renováveis tipo no automático; o cenário em 2016 era fulgurante, hoje tem ares de lamento.
CT PRÓPRIO
Sim, o Audax tem centro de treinamento próprio, história que vem lá dos anos 90 – um campo do amadorzão no Jardim Cipava seria entregue ao então Esporte Clube Osasco pelo prefeito Silas Bortolosso.
O ECO cairia pelas tabelas, no lugar surgiria o Osasco Futebol Clube que daria lugar ao trator chamado Grêmio Esportivo Osasco. Era 2010 quando o poderoso Mário Teixeira iniciava investimentos, comprando manto sobre manto até chegar ao GEO.
Com ele, rapidamente o CT surrado do extinto ECO seria transformado num hotel de luxo para as bases e para o profissional. Mais tarde, em 2013 com a compra do Audax, o negócio expandiria absurdamente.
Com Jorge Lapas em 2016, o clube foi oficializado na Vila Yolanda, história que segue. O Cipava continua, mas nem é preciso dizer que nada a ver com aquele CT bancado por Mário Teixeira e administrado a toque de excelência pelo presidente Lindenberg Pessoa.
VILA YOLANDA
Com o Audax rebaixado, Gustavo Teixeira foca investimento nas categorias de base e, naturalmente, o significado disso é janela para empresários e oportunidade de girar receitas levando garotos para grandes camisas.
Fora isso, qual justificativa para o clube seguir reinando no estádio municipal? Não há planejamento para o profissional, não há planejamento de vínculo com o feminino, tão-somente a molecada das bases para negócio.
Osasco tem clubes no futebol amador que fazem muito mais que o Audax – enquanto sociedade de futebol, trabalhos de base, categoria feminina e envolvimento comunitário.
POR QUE CONTINUA NO ESTÁDIO?
Se é para apontar uma justificativa para que o Audax não seja despedido da Vila Yolanda, não há outra senão Mário Teixeira – vinculado ao Bradesco que tem cordão umbilical com Osasco desde que Hirant Sanazar assumiu como primeiro prefeito; por fim, lembrando que o homem forte do banco salvou o vôlei feminino de Osasco por duas vezes.
A primeira mão forte de Mário Teixeira foi em 2009, quando o Bradesco retirou-se do vôlei profissional para cuidar só das bases no imponente centro de treinamento cedido pela prefeitura no Jardim Cipava.
O vôlei estava na rua quando ele chegou para bancar tudo, daquele abril até setembro quando entra a Nestlé, correntista gigante do Bradesco na época.
A segunda operação salvação seria em 2018, após a saída da multinacional – ele segurou o vôlei feminino por duas temporadas, até passar o manto para o São Cristóvão Saúde.
Mário Teixeira tem créditos a rolar com Osasco e, ainda que com problemas de saúde, faz por merecer – a mínima presença dele na Vila Yolanda, já justifica a continuidade do Audax no estádio. E por reconhecimento a isso, a prefeitura faz vista grossa a Gustavo Teixeira.