Os torcedores mais antigos lembram-se dela no Finasa Osasco 2008 – a ponteira Carla Santos tinha 16 aninhos e vestia a camisa do clube para fazer escola; ela acabara de sair das bases do São Caetano e estava espantada com a estrutura do Liberatão de Presidente Altino. Ficou em Osasco até a temporada 2009 até o Finasa deixar o vôlei profissional.
Dispensada do projeto, seguiu para o Minas Tênis Clube. Em 2016 e aos 24 anos, trocaria a capital mineira por Uberlândia – ficou no Praia Clube até 2018 quando seguiu para o Fluminense. Uma temporada forte lá, em 2019 migrou para o vizinho Flamengo até ir para o vôlei paranaense do São José dos Pinhais. Na temporada do ano passado ela reencontrou-se com o técnico Luizomar de Moura para fechar com Osasco e retornar ao Liberatão após 2008.
Com a baixa da estrela Tandara por doping ainda em julgamento, o treinador mexeu na formação e Carla, que seria banco, entrou como titular na ponta. No próximo dia 17 ela completa 30 anos e na melhor fase da carreira – fecha a versão 2020 da Superliga como melhor saque.
Quem vê a ponteira indo para a função, logo se prepara porque a atacante não dá mole e solta porrada – Carla vai de Viagem ao Fundo do Mar, aquele lance de bola alçada e sendo detonada num cortada espetacular. O saque em suspensão vem de 1960 e bolado por Jorge Mello mas ganhou fama na Olimpíada de Los Angeles em 1984. A ponteira Carla tem o fundamento como arma principal e costuma não mudar o estilo mesmo quando o jogo está perigoso para Osasco.
Por conta dessa ousadia e coragem de arriscar sempre no saque cortado, ela lidera o ranking de aces – são 20 em 38 sets, quatro a mais que a oposto Arianne do Brasília. Carla é superfamília, moça de uma simplicidade tamanha e que não quer saber de estrelismo. Mas é claro, com esse saque tsunami ela reconhece que está na vitrine e crescendo também do mercado até internacional.