Elas são do jiu-jítsu como são do judô; também vão de luta olímpica e de outras variações do wrestling. Resumindo, elas são do grapling que acaba sendo um tipo de MMA de chão – um condensado de tudo que é luta agarrada. Ah, mas agora entra mais uma modalidade nesse tatame, o самбо (pronuncia-se sambô). O que é isso? Uma técnica de combate de origem soviética com nascente no milenar shuāijiāo chinês. O sambo russo foi desenvolvido para combate sem armas, há versões com socos e chutes mas o fundamento é a luta agarrada.
E quem são elas? Natália Russa e Camila Guerra são atletas ferozes e varrendo o chão com pódios desde 2017. Essas cruelas de Osasco não param de lutar, fazem da casa um dojo e academia é lar doce lar para elas. Não é exagero, Russa e Guerra vão além da competição porque entendem a luta como arte e se afundam em pesquisas, compartilhando métodos e técnicas. Por conta dessa fome de conhecimento, essas ratinhas de tatame partem para o sambo russo – sistema olímpico.
No mês passado estrearam no Campeonato Brasileiro em Águas de Lindóia e medalharam. Mais que isso, conquistaram índices para o Campeonato Mundial – Camila Guerra foi ouro no estilo Beach Sambo e prata no Sambo Esportivo; Nati Russa prateou no Esportivo e foi bronze no Beach.
Ainda sobre o sambo, usa o sambovka cuja parte de cima lembra o kimono japonês; mas é short no lugar de calça e o atleta usa sapatilhas como no wrestling. É uma luta absolutamente valorizada pelo povo russo, começando pelo presidente Vladimir Putin que vai forte nos treinos; muitos do MMA profissional levam o sambo para o octógono.
MUNDIAL E FAROLAÇO
Certo, disputar o Brasileiro foi de boa, agora Russa e Guerra de Osasco partem para um desafio mais duro: os pódios em Águas de Lindóia classificam as duas para o já citado Mundial – acontece que essa parada a International Sambo Federation manda para Tashkent no Uzbequistão, 12 a 14 de novembro.
Como é? Isso mesmo, luta bem longe e com custos tipo mata-leão para elas. E aonde fica o Uzbe…? O mapa mostra a República do Uzbequistão na Ásia Central e fazendo fronteira com Cazaquistão, Tajiquistão e também com ao tenso Afeganistão. Era da URSS e declarou independência em agosto de 1991, tem predominância muçulmana e a democracia por lá é meio que limitada. O Mundial acontecerá na capital Tashkent, mais de 2,5 milhões de habitantes e nomeada Capital Cultural do Mundo Islâmico em 2007. Portanto, tudo muito religioso por lá.
Com o Uzbequistão apresentado, assim como o sambo, fica a perguntinha: Como Russa e Guerra vão levantar grana para o Mundial? Certo, elas estão na batalha por patrocínios e são bem valorizadas para isso; mas sabem que a jogada é dura e que precisam de todos recursos. Então surge ideia do farolaço: fazer ponto nas grandes avenidas e quando o farol fechar, mandarem aquele marketing. Sim, elas serão artistas de rua pelo Mundial. Russa e Guerra são muito extrovertidas e vão tirar de letra; no mais, sabem da responsa do projeto e, então, encaram a busca por patrocínio como parte do treino – inclusive o farolaço.
