O principal racha entre governo civil e militares deu-se com Jânio Quadros em agosto de 1961, portanto, bem antes de os coturnos tomarem conta do Brasil – naquele ano, o guerrilheiro Che Guevara era condecorado pelo presidente. Para completar a fúria das armas, o vice João Goulart visitava a China comunista quando da renúncia do titular.
O caldo segue fervendo e, em novembro, o Brasil retoma relações diplomáticas com a União Soviética – ação que dá aquela força para criação do Partido Comunista do Brasil em 18 de fevereiro do ano seguinte, véspera da emancipação política de Osasco.
Ano de xeque-mate com o governo sob tremenda pressão ao ver turbilhão de quase 500 mil manifestantes protestando no centro de São Paulo – isso foi em março e, poucos dias depois no Rio de Janeiro, o cabo Anselmo comandaria a Revolta dos Fuzileiros Navais.
O generalato do Brasil cozinhou Jango até o final do mês quando depôs o presidente e assumiu o poder – em 1º de abril o regime militar já pisa forte e começa a amordaçar o país, linha dura que ganharia reforço absoluto com os Atos Institucionais.
Neste 2 de abril mas de 1964, grupos militares de resistência contra o golpe iam a campo por greve geral – que não vinga. No lendário quartel de Quitaúna estava o sargento Ovídeo Ferreira Dias, um dos fortes no Movimento dos Sargentos – depois seria preso e expulso por rebeldia contra o Exército e por ser claramente a favor das reformas pregadas pelo Partido Trabalhista Brasileiro.
A imprensa vai noticiando na maior velocidade possível e, nesse ponto, as emissoras de rádio são imbatíveis por entrarem em tempo real. Quando o Exército se movimentava na noite de 31 de março de 1964 de Juiz de Fora com destino ao Rio de Janeiro, o governador Carlos Lacerda usava o rádio para uma contrainformação: que a ação era uma luta do Brasil contra o comunismo.
Uma voz corajosa na contramão disso, o deputado federal Rubens Paiva em São Paulo entrou ao vivo pela Rádio Nacional em defesa do presidente Jango e foi terrível contra os militares – ele seria cassado. O regime cuidou de tomar conta imediatamente da emissora e também da Mayrink Veiga; até mesmo a católica 9 de Julho em São Paulo, foi calada. O áudio que segue, menos de dois minutos, revive esse período tenso.
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