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22 de novembro de 2024
QG Notícias

Ponteira Carla não posa de estrela no Liberatão mas o vôlei brilha por si

A potência que tem no saque é resultado de treino árduo. E ela tem aquele jogo de maior dificuldade – bola lançada bem alta e para um voo veloz que é gatilho para um torpedaço. Fez um grande Campeonato Paulista até o título de Osasco, agora já pagando duas rodadas soberanas na Superliga.

A ponteira Carla Santos se apresentou em junho no Liberatão de Presidente Altino e sabendo que seria banco, já que o clube estava para anunciar a trans do Sesi Bauru e que é vitrine do vôlei brasileiro. No mais, Michelle Pavão era contratação recente e chegando como titular. No rascunho do técnico Luizomar de Moura, o ataque a laser da equipe seria com Tandara de oposto, tendo Pavão e a trans para arrebentar nas pontas.

Mas todo mundo sabe, Tand caiu na malha do doping olímpico em Tóquio e está fora de quadra, suspensa até ouvir a sentença. Com a principal estrela penalizada, Luizomar manda a trans como oposto, alteração que dá vaga titular para Carla na ponta e dobrando com Michelle Pavão.

Certo, o time deitou e rolou até o título do Campeonato Paulista e a ponteira surpreendeu a crítica com um jogo sério e com essa porrada espetacular. Carla Santos é raçuda set a set, não fica procurando pela câmera da tevê nos jogos ao vivo, não está nem aí porque é cem por cento concentrada no que faz.

Nas duas rodadas da Superliga ela apavorou toda recepção – fez 14 pontos na estreia, nos 3 a 0 sobre o Fluminense e com direito a quatro aces; anteontem contra o Flamengo e para outro 3 a 0, ficou na modéstia com 7 pontos porque a levantadora Fabíola distribui muito bem o ataque, tanto que Michelle Pavão foi a melhor mão com 15 pontos – e as duas centrais também foram agressivas: Fabiana com 13 e Rachael Adams com 10.

Mas estamos falando de Carla, mineira de Belo Horizonte e que não está na vitrine das celebridades. Aos 29 anos e 1m74, como pode subir assim e mandar TNT que explode sobre toda recepção? Isso vem lá das bases e ganhou mais janela em 2009, no Mundial Infanto-Juvenil na Tailândia. Quem era o técnico do Brasil? Luizomar de Moura.

Vindo do vôlei mineiro, a moça já havia mostrado braço forte pelo São Caetano em 2007; Luizomar logo viu qualidade aí e Carla foi contratada pelo Finasa Osasco, de onde seria chamada para a seleção sub 17. Vestiria a camisa da seleção nas categorias acima mas sem nunca chegar à principal.

Tinha 13 anos quando iniciou nas bases do Minas Tênis Cube, duas temporadas depois estava no Sanca e para se apresentar no Liberatão de Presidente Altino em 2008 aos 17. Anos depois ela voltaria à camisa do Brasil, seleção brasileira sub 23 para o Campeonato Mundial no México sob comando do técnico Cláudio Pinheiros. A seleção não mandou bem, sétimo lugar e Carla no banco.

Isso foi em 2013, mesmo ano em que ela foi convocada para a Seleção Brasileira de Novas para a Universíada em Cazã, Rússia, e para medalha de prata. Carla já estava de volta ao Minas e estreara como profissional na Superliga em 2009. Mostrando versatilidade, passou a atuar como oposto e deixaria o Minas para vestir a camisa do rival Praia Clube em 2016. Rodaria por Fluminense, Flamengo e São José dos Pinhais até o retorno ao Liberatão.

Com duas rodadas na Superliga, a ponteira é o terceiro melhor ace, atrás de Carol do Praia e de Lorrayna do Barueri; no quesito saque, Carla fica atrás apenas de Carol, 5 a 7. Agora, para espanto da crítica, o torpedo de Osasco vem mostrando que não tem medo do fogo adversário – é a melhor recepção da Superliga que mostra a líbero Camila Brait em quinto lugar. E por que isso? Sabendo que não adianta bombar a líbero gari, os ataques visam mais a ponteira.

Com duas vitórias, Osasco tem cinco pontos atrás de Praia Clube e Itambé Minas, ambos com 9. Nessa terça, Carla enfrenta um ex, jogão de vôlei com o time osasquense desafiando o Praia Clube às 21h no Liberatão – agora o limite de torcida chega a 50 por cento da ocupação do ginásio.

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