Puxando a linha do tempo, há datas que não podem passar esquecidas no aniversário de Osasco – amanhã comemora 63 anos de emancipação política. Por exemplo, tem 4 de junho de 1887, quando o italiano Antonio Giuseppe Agù começa o império como proprietário de terras.
Cinco anos depois, em 1892, ele inaugura a primeira fábrica de papelão do Brasil, a Cartiera; mais três anos na conta, lá estava o italiano inaugurando a Estação Ferroviária de Osasco – quando surge, pela primeira vez, o nome do povoado homenageando a terra natal dele.
Certo, 1895 é quando Osasco se torna oficial. Já quatro décadas dentro do século XX e com população chegando a 12 mil, acontece o boom com chegada de fábricas gigantes como Cobrasma, Brown Boveri, Cimaf, Lonaflex, Adamas, Hervy. Frigorífico Wilson, Cotonifício Beltramo, Fósforo Granada.
Na década da emancipação, anos 60, o bairro de São Paulo contava 114 mil habitantes. No entanto, a chama desse movimento foi acesa anos antes.
1948, A ORIGEM
Osasco somava 41 mil pessoas quando alguns notáveis começaram a debater política – a vila era subdistrito de São Paulo e o objetivo era promoção a distrito. O doutor Reinaldo de Oliveira era dentista e fundou a Sociedade Amigos do Distrito de Osasco.
Lembrando que o bairro era sub, então o nome da entidade chegava como desafio ao grifar distrito. O presidente dr. Reinaldo formava bancada com Edmundo Burjato, Walter Negrelli, Mário Battiston e Dimas Tavares.
A Sado tinha sede na casa dele, Rua da Estação número 77 (atualmente, um estacionamento). Foi nesse local que a ideia de distrito deu lugar ao da emancipação. Por conta disso e para o movimento se apresentar como representante público, muda-se o nome para Sociedade Amigos de Osasco.
A SAO denunciava que a prefeitura de São Paulo só fazia arrecadar impostos, nada de investir no bairro que era o 14º subdistrito da capital. A Avenida dos Autonomistas, a mais histórica da cidade, na época era Estrada de Itu e sem asfalto – apenas uma linha de ônibus ligando a Pinheiros, mais de duas horas de percurso.
1952, PLEBISCITO
Primeira ação contundente da Sociedade Amigos de Osasco – peitar São Paulo junto ao Tribunal Regional Eleitoral, plebiscito por emancipação. Os pioneiros foram às ruas com panfletagem, batendo contra os defensores do subdistrito – era a guerra do Sim contra o Não.
No plebiscito em dezembro de 1952, o Não venceu por 145 votoss. Claro que a turma do Sim bravejou corrupção, roubalheira. Enquanto isso, os que eram a favor da Capital desfilavam em festa.
O show da vitória foi comemorado por toda semana pelo Não, foguetório e batucada em frente ao Mercado Municipal – por isso a praça ali tem o nome 13 de Dezembro, marca a vitória sobre o Sim.
1957, A LUTA CONTNUA
O movimento emancipacionista não para, vai crescendo ano a ano e, já no final da década de 50 ganhava reforço da classe estudantil, mais comerciantes e do operariado contra a prefeitura que aumentava impostos sem dó.
Osasco tinha 80 mil habitantes e, chegando a 1957, voltaria a incomodar a capital. Assembleias seguidas, e a de dezembro daquele ano oficializaria o movimento emancipacionista.
Era 13 de dezembro de 1957 quando a Sociedade Amigos de Osasco lota o Clube Floresta para documentar representação a ser encaminhada à Assembleia Legislativa. O maior argumento do Sim – Osasco contava 71 mil habitantes, sendo que o mínimo regulamentar para constituição municipal era de 5 mil.
Além do mais, o bairro está a 22 quilômetros do marco zero de São Paulo, a Praça da Sé – o limite municipal determinava a partir 12km.
Osasco tinha serviço de iluminação da década de 20, telefone no sistema interurbano, só um ginásio estadual, um particular e uma escola católica para meninas; um posto de saúde, ruas sem pavimentação.
27 DE DEZEMBRO DE 1958
A ação emancipacionista força segunda batalha nas urnas contra o Não para, dessa vez, levar o placar por 1.283 votos – no total das urnas, Sim 3.882 x Não 2.595.
Com o resultado, em 27 de dezembro de 1958, Lei 5.121 é sancionada pelo governador Jânio Quadros; quatro dias depois, 31, é publicada no Diário Oficial.
O prefeito Adhemar de Barros recorre ao Tribunal de Justiça de São Paulo, depois ao Supremo Tribunal Federal, insiste contra Osasco que tinha eleições marcadas para janeiro de 1962
1962
Eleito prefeito em 1961, Francisco Prestes Maia pegava o caso Osasco, verdadeiro rojão. Ele segue a linha do antecessor Adhemar de Barros – recorre da decisão do TSE, o STE acata e suspende o pleito eleitoral marcado para 7 de janeiro.
Osasco entra em fúria, protestos e passeatas que chamam atenção do Brasil. Nesse ínterim, batalha jurídica pegando fogo no STF que, por fim, remarca eleição para 4 de fevereiro. Quando da posse de prefeito e vereadores dia 19, a batalha da emancipação fecha o ciclo.