É das quebradas de Osasco, menina valente como tantas outras que lutaram no Pan-americano de Sanda – o boxe chinês que rolou no fim de semana em Brasília. Jamilly Pereira Soares tem 14 anos, é pupila do mestre Lidio Belo e mora no Jardim D´Abril.
Treinou barbaridade para o desafio e retorna com missão cumprida. Mais de 300 competidores e dezessete países representados, evento que reuniu a modalidade moderna do kung fu, estilo artístico que leva o nome padrão 武术 Wǔshù (Arte Marcial).
O wǔshù moderno é à parte do popularizado kung fu. Essa modalidade é de alta precisão e faz tempo que está na fila de espera olímpica. No entanto, olhares técnicos enquadram as acrobacias do wǔshù como parelhas às da ginástica. Então, a discussão segue.
Jamillly calçou luvas no Pan, foi para a trocação. Dentro da arte marcial chinesa há o boxe 散打 Sǎndǎ. Como o muay thai (boxe tailandês) é o mundialmente famoso, vale dizer que o sǎndǎ e todas variantes asiáticas de kickboxing são parelhos. No caso dessa luta chinesa, um diferencial são as quedas – o atleta pode projetar o adversário quando no clinche ou simplesmente tentar vazar a guarda para derrubá-lo ao estilo MMA.
A campeã pratica desde bem molequinha, olhos sempre atentos na trocação enquanto no wǔshù tradicional. Mas começou a treinar boxe chinês também, o mestrão Lidio Belo logo notou a ferocidade da menina, não teve dúvidas e o resultado está aí, após ano a ano de trabalho árduo e disciplinado – Jamilly de Osasco na seleção brasileira e campeã pan-americana.
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