Duas pugilistas foram para os Jogos Olímpicos, ambas desqualificadas pela International Boxing Association. E durante as competições em Paris, o presidente da IBA denunciava que o Comitê Olímpico Internacional acobertava irregularidades.
O russo Umar Kremlev é o presidente da IBA e pegava duro contra Thomas Bach, presidente do COI. E agora ele retorna ainda mais nocauteador diante de relatórios médicos.
Para as olimpíadas, a IBA garantia que a argelina Imane Khelif era homem, mesmo apontamento para a chinesa de Taipei, Lin Yuting – estavam desqualificadas para o boxe feminino.
“O Comitê Olímpico Internacional violou todas as regras esportivas ao colocar um homem contra uma mulher. Os testes confirmaram novamente que Imane Khelif é, de fato, um homem. Hoje, como presidente da Associação Internacional de Boxe, que defende a igualdade de gênero e protege o boxe feminino e masculino, exijo que Thomas Bach e sua equipe, verbalmente e por escrito, peçam desculpas à comunidade global do boxe.”
Umar Kremlev continua: “O próprio Thomas Bach tem responsabilidade direta por isso, pois ele fez lobby para que isso acontecesse – para que homens competissem contra mulheres. Em nome de todos os boxeadores do mundo, exige que eles se ajoelhem e peçam desculpas à comunidade do boxe e às meninas que foram espancadas e abusadas.
SOBRE AS DESQUALIFICADAS
A argelina compete desde 2018, a chinesa vem de um ano antes e ambas caíram na malha da IBA em 2022. Após várias queixas de treinadores, a entidade decidiu pelo teste de gênero que foi realizado Istambul.
Isso foi em maio de 2022 e os resultados desqualificaram as duas- não passaram como mulheres. Mas foram para Paris, só que a IBA cuidou de enviar os relatórios ao COI. Lembrando, os testes em Istambul foram logo após o Mundial que deu Khelif vice-campeã na categoria 63kg e Lin campeã na 57kg.
Para o Mundial do ano passado elas se apresentaram, passaram novamente por testes e tiveram resultados idênticos ao do ano anterior. Diante disso, Khelif e Lin não disputaram o torneio. E após essa experiência, a direção da IBA apertou o gargalo das competições e blindam as categorias masculina e feminina – qualquer resultado fora dessa linha cai na malha da desqualificação.
DEPOIS DO OURO OLÍMPICO
Imane Khlelif, medalha de ouro em Paris, entrou com ação contra imprensa após ser bombardeada sobre a questão de gênero – reportagens na França divulgavam sobre cromossomos XY que são masculinos.
Na estreia em Paris, a argelina só cutucou a italiana Angela Carini que desistiu do combate aos 46 segundos. Nesse ínterim, a justificativa do COI era que a Associação Internacional de Boxe não era reconhecida e, portanto, aqueles relatórios sobre gênero não valiam.
“Estou totalmente qualificada para participar desta competição, sou uma mulher”, exaltava Khelif logo após o ouro. “Nasci mulher, vivi como mulher e competi como mulher. Não há dúvida de que há inimigos do sucesso e isso dá ao meu sucesso um sabor especial por causa desses ataques.”
E AGORA?
Em setembro, reportagem do jornal francês Le Correspondent desmascarava a argelina, revelando aqueles relatórios feitos após o Mundial de Boxe em Istambul – anomalia genética, disfunção metabólica na testosterona e na desidroandrosterona.
Essa anomalia num bebê masculino, impede a definição do órgão sexual que fica num tipo de bolsa vaginal – e por falta de diagnóstico adequado, atribui-se identidade feminina. Acontece que durante o crescimento surgem pelos no corpo, há ausência de seios, não menstruação e visível masculinização.
A campeã olímpica está assim diagnosticada: cromossomos masculinos, próstata rudimentar, testículos, sem útero e ovários; o relatório médico identifica um micropênis em forma de clítoris.
E mais: nível de testosterona masculino de 14,7, sendo que o feminino não ultrapassa o máximo de 3. O resultado final é que Imane Khelf não é mulher.
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