Na década de 90 o esporte em Osasco tinha uma pegada feroz, quase todas modalidades olímpicas nas duas categorias e sempre posando para fotos no alto do pódio; na década seguinte manteve o nível que começaria a despencar a partir de 2016. Nessa linha do tempo, a categoria feminina sempre teve espaço e investimento das bases ao alto rendimento. No entanto, um ano antes de o esporte municipal começar a ruir, o então já megapoderoso Audax lançava o futebol feminino.
Estamos em 2015 e o prefeito é Jorge Lapas com Tinha Di Ferreira secretário de Esportes; eles ouvem o Audax que vive período de ampla expansão (tanto que no ano seguinte será vice-campeão paulista). Nessa conversa de cúpula, fica ajustada criação do departamento de futebol feminino e o clube diz que entra forte nos torneios oficiais.
O grande lance do Audax nesse projeto, foi contratar o técnico Arthur Elias do Centro Olímpico – com ele, as principais jogadoras. Time afinadinho e que logo emplacaria no estadual 2015 – terceiro lugar atrás do São Paulo e do campeão São José; e teve Gabi Nunes artilheira com 14 gols.
Sucesso garantido, avançamos para 2016 e o Audax recebe proposta de parceria – do outro lado da mesa estão representantes do Corinthians. Não demora nada, papelada assinada e bola para frente. Agora com dois times na camisa, outra chega nas semifinais do Paulistão, terceiro lugar atrás do Santos e do campeão Rio Preto.
E por que o Corinthians quis o Audax? O clube paulista tinha vaga para o Brasileirão 2016 mas sem time feminino; Osasco já estava com o feminino forte há um ano e tinha vaga para a Copa do Brasil 2016; no mais, a diretoria da Vila Yolanda era afim à do Parque São Jorge. Portanto, casamento no ato.
A TEMPORADA 2016
No Brasileirão e como Corinthians/Audax, classificação em primeiro no Grupo 2 com 10 pontos para três vitórias e um empate, onze gols contra um; tudo ia bem na segunda fase, só que tem atleta irregular denunciada e o Corinthians perde seis pontos, punição que resulta em eliminação precoce.
Na Copa do Brasil e como Audax/Corinthians, outro papo. Osasco voou na primeira fase, na seguinte eliminou o Santos, indo para as quartas de final e passando pelo Flamengo; nas semifinais superou o Cresspom e partiu pelo título contra São José – empate por 2 a 2 no jogo de ida, 3 a 1 na volta, título na mão e vaga à Libertadores.
2017 – PRIMEIRA LIBERTADORES
Com a camisa dobrando Audax e Corinthians, o futebol feminino de Osasco vai para a primeira Copa Libertadores Feminina, disputada em outubro no Paraguai. Jogando no Grupo C, avançou em primeiro lugar com três vitórias; nas semifinais eliminou o local Cerro Porteño por 3 a 0 e foi para a decisão contra o Colo-Colo do Chile: zero a zero no tempo normal, 5 a 4 nas penalidades e título na mão.
Após essa conquista, divórcio em andamento e logo a separação. O Corinthians leva comissão técnica e quase todas atletas; em 2018 o Audax feminino já não tem aquela pegada mas até que mostra valentia. Acontece que a diretoria também perde o interesse e, então, a modalidade vai para o calabouço.
Com o Audax sepultando o futebol feminino, reforçava o grilhão mantido pela Secretaria de Esportes – e que segue. O esporte em Osasco é um empreendimento e não um projeto – a diferença é que no primeiro caso trabalha-se pontualmente apenas, no segundo, faz-se um trabalho de construção.
CORINTHIANS NÃO É TRI
Toda essa escrita tem a ver com ontem. Noite de domingo no Estádio Gran Parque Central em Montevidéu, Uruguai. E lá estava o mesmo técnico Arthur Elias e com algumas que também foram Audax em 2016. Final da Libertadores contra o Santa Fé da Colômbia e as corintianas meteram 2 a 0 para o título
Estão foguetando o tricampeonato, mas a história está aí e mostra que o de 2017 não é do Corinthians mas do Audax; o clube do Parque São Jorge venceu a Libertadores 2019 e a de agora. Portanto, legitimamente bicampeão. O que isso tem a ver com Osasco? Só história mostrando que o feminino dá certo quando há vontade e profissionalismo.