O Ska Santana de Parnaíba estreia forte na Divisão Especial, 4 a 0 na Francana. Jogo de ontem em casa e com as meninas agressivas até o apito final no Parnaibão. Placar à parte, a equipe do pentacampeão Edmílson de Moraes chama atenção por uma jogadora com hijab – numa tradução livre do árabe seria cobrir-se.
A peça fundamental das mulheres muçulmanas e essa novinha do Ska Santana de Parnaíba faz valer – a camisa 13 é Zahraa Mohamad Jebahi, 17 anos apenas e que chama atenção por ousar no futebol sem quebrar a lei.
O hijab cobre cabelos, pescoço e ombros. A muçulmana do Ska diz que sempre quis ser jogadora mas que começou cerca de quatro anos atrás, quando tinha 14. Até então o futebol era escolar, só que a menina se encantou e falou para os pais: “eu quero jogar num clube de verdade.”
O primeiro lance dela foi no bairro onde mora – bateu na porta do Juventus da Moóca, Mas isso foi pouco antes de a pandemia chegar e Zahraainha pagou aquela frustração ao ver o clube cancelar tudo.
Sem chorumelas, hora de enfrentar o momento tenso com o esporte parado em todo mundo. Mas a garota não ficou parada, cuidou de treinar solo seja em casa ou na quadra próxima.
Pandemia indo embora, chega oportunidade no Audax de Osasco, peneirão sub 17 – ela passa na primeira etapa mas depois não dá sequência. Por fim, ano passado ela aparece jogando no Paris Saint-Germain Academy em São Paulo, escolinha oficial do clube francês, quando surge o Ska Santana de Parnaíba.
Parceria feita com o PSG brazuca, oportunidade da hora para a valente muçulmana realizar o sonho de jogar o Paulista Sub 17, realização que segue agora na Divisão Especial. Sim, sempre com hijab e cultura em campo.
ZAHRAAINHA VALENTE
Se o futebol feminino ainda batalha contra preconceitos, o que dizer de uma muçulmana jogando no Brasil? Mas tudo certo com a do Ska, sempre muito de boa. Em Santana de Parnaíba ela tem abordagens curiosas apenas, discriminação zero. Por outro lado, ela aproveita as conversas para explicar a religião.
Sim, mas nesse desafio para ser jogadora ela ouviu comentários tensos, de gente que julga todo muçulmano como bomba humana. Outra coisa: ainda que brasileira de nascimento, Zahraainha era dada por estrangeira e que deveria deixar o país…
Essas coisas afetam a valente? Nadica, a jogadora sabe que está no caminho e que ainda tem muito a percorrer. Então, foco nos treinos e no objetivo para crescer jogo a jogo. Ontem no Parnaibão, ela entrou no lugar da lateral Ana Bia aos 34 minutos da etapa final.
O time do técnico Marcus Vinícius vencia por 2 a 0 quando a mulçumana foi chamada – o Ska assinava o placar com Fê Melo e Laurinha; depois, Gabi Soares e Gabi Mariano completariam a vitória.
A segunda rodada da Divisão Especial está agendada para domingo e Zahraa do Ska vai com o time contra o Mauaense. Ela é só alegria, semana cumprindo os treinos para estar mais que pronta caso o professor a chame novamente numa substituição.
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