Caso Osasco tivesse calçada da fama, as mãos de Camila Brait estariam eternizadas. Mineira de Frutal, tinha perto de 20 anos quando se apresentava no Liberatão de Presidente. Era 2008 e a jovem líbero chegava do São Caetano para a camisa do Finasa Osasco. E ponto final na carreira. Não, nada a ver com o jogo porque a menina se agigantou num vôlei espetacular – o ponto final tem a ver com a camisa, pois desde então ela paga um cartão de fidelidade com Osasco, não deixa o clube por nada.
E pelo andar do vôlei, deve ser com esse manto que a gari do Brasil pretende se aposentar. Brait é mil por cento família, dizem que de coração derretido, de muito afeto. Então, isso pode ser o motivo de a líbero recusar propostas, de não se aventurar fora do país, de continuar com Osasco ano após ano – por apego.
Fato, hoje ela é o principal nome do novo elenco comandado pelo técnico Luizomar de Moura; não é a capitã mas é respeitada como general. E o torcedor agradece essa fidelidade e tem Camila Brait como diva eterna. No entanto, esse mesmo torcedor sabe que por essa relação de amor ela abre mão de um futuro gigantesco no vôlei mundial.
Sim, a gari tem jogo para defender qualquer um dos grandes clubes do planeta e de estar em final de campeonato mundial, por exemplo. Mas parece que Brait não alimenta nada disso, que a realização dela está em defender Osasco. Sim, fora isso havia o sonho olímpico e ela realizou.
Camila Brait não quer mais do vôlei, não pensa na vitrine da Europa? Ela tem o título mundial de 2012 e poderia ter mais se partisse do Brasil. Por fim, joga tanto que destoa do time. Foi assim na temporada passada: enquanto Tandara arrebentava sozinha no ataque, ela varria o fundo de quadra como sempre. Nessa nova formação, a maioria ainda está no pavor dos ajustes e só dá Camila Brait jogando em altíssimo nível – é a menor do time em altura, mas tão grande que Osasco torna-se pequeno para ela.
A GARI
Sem contar os títulos em quadras brasileiras, a gari do Liberatão tem quatro ouros sul-americanos e duas pratas; e são quatro medalhas mundiais: bronze em 2011, prata em 2010 e em 14, ouro em 12; prata no Pan-americano 2015. A galeria de medalhas segue com essa coleção de Grand Prix: ouro em 2009, 13, 14 e 16; prata em 2010 e 12. Na Liga das Nações, prata neste ano em Rimini, Itália. E tem Copa dos Campeões, prata em 2009 e ouro em 2013, mais um ourinho beleza no Top Volley 2014.
Certo, a gari de Osasco é mesmo uma ratinha de pódios. E para fechar esse tour internacional de Camila Brait, prata no Mundial do Japão 2010 e bronze no da Itália 2014. Claro, tem a sonhada jornada olímpica de Tóquio 20, medalha de prata.
DE VOLTA A 2008
Agora estamos em maio de 2008 e o Finasa Osasco com bala na agulha e contratando a rodo. Num timaço em formação para sequência da temporada, chega essa mocinha de cabelos soltos, 19 anos e destaque da Superliga anterior pelo São Caetano. Brait foi anunciada pelo Finasa ao lado da central Bárbara Bruch, outra revelação do Sanca.
A jovem líbero se apresentou no Liberatão com moral por liderar o ranking de recepção da Superliga. Certo, a gari já varria geral e sabia tudo sobre o novo time, pois o Sanca chegara à final do Campeonato Paulista 2008 justamente contra Osasco campeão – foi nessa parada que ela chamou mais atenção, jogou barbaridade.
Brait e Bruch eram os reforços da hora ao lado de Lia; em Osasco, formariam com Carol Albuquerque, Ana Tiemi, Adenízia, Malu, Natália, Silvana, Suelle e Paula Pequeno; Sassá e Thaísa estavam chegando.