Romance escrito por José de Alencar em 1857, ‘O guarani’ tem versão teatral e estreia mundial neste 19 de março – o ano é 1870 e os aplausos tomam conta do Teatro Alla Scala de Milão. Ópera em quatro atos, explora um romance no Brasil de 1560: Cecíia é uma bela jovem da nobreza cortejada pelo aventureiro espanhol Gonzales e pelo português Dom Álvaro.
A moça é filha de Dom Antônio de Mariz que entra numa enrascada quando numa caça, um serviçal português atira e mata um índia aimorés. A reação por vingança é imediata e, nesse conflito, Cecília é salva por um jovem guerreiro guarani, Peri.
A donzela tem mão prometida a Dom Álvaro mas o amor é cantado pelo índio que salvou-lhe a vida. Nesse ato da ópera entra a ária ‘Sento una forza indomita’ como trilha da paixão entre os dois – uma obra magistral pela dramaturgia, musicalidade e balé.
Se esse sucesso nasce da genialidade brasileira, a ária-tema de Peri e Cecília também: ‘Sento una forza indomita’ é composição do maestro Antônio Carlos Gomes no final do século XIX para dueto (soprano e tenor). Campineiro nascido em 1896, é eternizado na cidade num monumento do escultor italiano Rodolpho Bernadelli. Campinas exalta o gênio como filho ilustre e maior compositor de ópera das Américas.
O lendário programa “A voz do Brasil’ é marca histórica do rádio e levava o tema da ópera como abertura. Depois da estreia mundial na Itália, ‘O guarani’ ganhou versões seguida e, em 1996, teve Plácido Domingos como Peri. Quanto a ária composta pelo gênio Carlos Gomes, explodiria em disco nas vozes de Enrico Caruso e Emmy Destiny, gravação de 20 de abril de 1914 em Nova Iorque
Cabe destacar o italiano Caruso (1873-1921), um dos maiores tenores da história além de ser um dos pioneiros da música gravada. A soprano Destiny, tcheca (1878-1930) assinava como Ema Destinnová; após sucesso na Europa, emplacaria em Nova Iorque com o Metropolitan Opera.