Verdade que ele realizou sonho profissional como olímpico em Tóquio, depois completou o ciclo com a seleção do Quênia no Mundial de Clubes. Assinando projeto do vôlei de Osasco há mais de 16 anos, Luizomar Moura faz parte do panteão de técnicos do Brasil e está de volta à missão africana.
No mês passado desembarcou em Nairóbi para os primeiros trabalhos da nova temporada da seleção mas, de certa forma na marra, precisou retornar ao Brasil por motivos burocráticos. Não é preciso dizer que Luizomar é alto rendimento puro e que todo planejamento parte desse nível. Então, o que acontece com essa bagagem toda quando ele desembarca numa quadra onde o vôlei é rudimentar?
O primeiro passo é treinar, agregar trabalho científico dia a dia e ir mostrando o caminho. Mas se nada é assim tão fácil, ainda enfrenta dilema mais determinante porque bate no sistema político – para que a seleção do Quênia avance a cada temporada, precisa que o cenário no entorno seja favorável.
Por exemplo: era para desde o dia 10 ele estar em Marrocos comandando camp visando o Challenger Cup da França. Mas teve que voltar ao Brasil porque a seleção enfrentava problemas com visto. Nesse ínterim de espera, Luizomar deu expediente no Liberatão de Presidente Altino onde carimbou o elenco para o Campeonato Paulista.
Ele tem como grande missão levar as Rainhas do Quênia novamente aos Jogos Olímpicos e, para tal, em agosto disputa a Copa das Nações Africanas em Camarões – é mesmo classificatório para a França 2024. Mas antes disso, em julho estará nesse mesmo país, para o Challenger Cup que classifica o campeão à Liga das Nações.
A situação do brasileiro seria menos preocupante se o cenário queniano favorecesse – a questão do visto da seleção para seguir de Marrocos para a França é um exemplo quentinho, ocorrência que não combina com o gerenciamento de alto nível de Luizomar.
A seleção precisa de planejamento sustentável que parta do Comitê Olímpico do Quênia, da Federação Queniana e do governo. Nesse front, o técnico briga por calendário, equipamentos, ginásios próprios e trabalho de base.
Então, além do jogo propriamente, Luizomar está na política local para elevar o padrão da seleção ao modelo internacional – ele dá a seleção brasileira como referência, também o vôlei de Osasco. Processo lento e que exige muita determinação e empenho.
Base segura de informação e conteúdo