Fato, a história oficial sobre aquele 15 de novembro de 1989 tem muito de propaganda política ao eleger um herói contra os vilões que sustentavam a corte. Mas o que há de consenso nesse história é que não se tratou de um movimento popular, que toda ação partiu de um nicho militar apoiado por intelectuais e fazendeiros.
O que sabemos é que neste dia celebra-se um valente que bradou contra o império do mal. No entanto, as decisões políticas após a proclamação mostrariam que o novo regime chegava para calar – de mediato, banimento da família imperial. Certo, como essa democracia lançava mão de uma medida autoritária e repressora assim, sem falar da crueldade imposta?
Estamos naquele 15 de novembro de 1989 e sem saber de nada. Imprensa quieta, nada de redes sociais e notícia zero sobre esse vai-e-vem no Rio de Janeiro. Vemos que a presença militar é geral e que só dá granfinada como os empresários do café e intelectuais, todo mundo esperando o quê? Então alguém diz que o marechal Deodoro da Fonseca rompeu com o império e que faria nascer um novo Brasil. Mas cadê o nosso herói para a entrada triunfal?
Então chega alguém e diz que ouviu que o homem está muito gripado, que o também militar Benjamin Constant deu aquele sacode para tirá-lo da cama. Opa, olha o marechal aí, minha gente! Mas nada como pintado na gravura da República. Ele está bem abatido e vai direto para o Campo de Santana onde destitui o Visconde de Ouro Preto, então chefe dos ministérios.
Começa a varredura com atos soberanos como censura, Congresso fechado e poder absoluto. É, e a coisa vai ficar nessa pegada até 1894, ano da primeira eleição direta para presidente. Serão seis anos tensos que a história não irá contar. E sobre essa primeira eleição, só para eleitores alfabetizados e que representam algo em torno de 20 por cento do povão – Prudente de Morais será eleito.
HOJE
Há vozes que não se calaram desde aquele 15 de novembro. A linhagem da princesa Isabel está firme e forte no Brasil e arvora a bandeira imperial. Hoje, por exemplo, movimentou atos denunciando o golpe de 1989 em Alagoas, Amazonas, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
A Casa Imperial do Brasil é o palácio de campanha do movimento que ainda está mapeando o número de simpatizantes no Brasil. Política à parte, esse movimento fala de uma história não contada, na contramão do que aprendemos. O cetro da Casa Imperial do Brasil está com o príncipe Luiz de Orleans e Bragança, bisneto da princesa Isabel. O irmão dele, príncipe Bertrand de Orleans e Bragança – herdeiro imediato.
Ambos anunciam que o príncipe Rafael e a princesa Maria Gabriela de Orleans e Bragança são os novos presidente e vice da Juventude Monárquica do Brasil. Então, além da vida política corriqueira que ocupam nosso noticiário, há no país essa linhagem imperial e bem distinta do sistema. Lembrando, no plebiscito em 1993 eles contavam mais de 300 mil.
GOLPE?
Não apenas os monárquicos, parte de historiadores hoje concordam que o Brasil sofreu um duríssimo golpe militar em 1989. E se alguém pergunta sobre o que fomentou o ato, a assinatura da princesa Isabel encabeça a lista. Um ano antes, ela assinou a Lei Áurea e isso mexeu com os fazendeiros que perderam mão de obra escrava. Não é dito que o Brasil é o país do café? Certo, a princesa pôs fim a esse reinado sangrento e assassino e os coronéis ficaram pê a vida contra a corte.
Outro ponto e que foi decisivo para a rebelião militar: até o ano do golpe, os militares Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto eram da corte, amigões do imperador D. Pedro II. E por que traíram essa amizade? Criaram uma mídia espalhando que cabeças rolariam ao mando do império e isso arregimentou a força militar. O interessante da história do Brasil é que esse roteiro seria padrão no teatro político.