Jogando pelo Lokomotiv Kaliningrad, a oposto Malwina Smarzek ia muito de boa no vôlei russo e entre as melhores da temporada. Acontece que a Rússia já cumpria três semanas de investidas contra a Ucrânia. Sim, por conta disso a estrela da seleção polonesa recebia muitas críticas por ainda estar atuando no país.
Era março e a jogadora ainda não sabia o que fazer. No entanto, acompanhava a debandada de atletas estrangeiros de outras modalidades, todos contra a guerra e deixando o país – rescisão contratual simples e direta. Então, por que ela continuava por lá? Os fãs não a perdoam e mandam bombardeio de críticas. Jovem de 25 anos, a atleta foi entrevistada, perguntas sobre a invasão russa e a Ucrânia e ela mandou esse ace: ‘não quero responder’. Sim, a ofensiva dos fãs contra ela pesou mais.
Tirando proveito desse cenário e complicando tudo para a oposto, o Lokomotiv divulga que a estrela não queria mesmo deixar o clube. Pronto, o barraco estava armado. Mas é claro, a jogadora não havia declarado nada e essa divulgação surgiu como propaganda nacionalista. Em quadra o time mandava muito bem, apenas duas derrotas e Smarzek só tinha elogios quanto a estrutura do clube e ao salário muito bem pago.
Em março a oposto estava na Sibéria. Ninguém sabia, mas já havia movimentação para tirá-la da Rússia. Acontece que o clube não dava motivo algum para quebra de contrato e a guerra não havia chegado ao vôlei. “Eu poderia ir pra casa… mas isso resolveria alguma coisa?”, dizia a jogadora quando questionada outra vez sobre a invasão. “Disputar o campeonato aqui me coloca do lado disso?”
Nesse ínterim, jogo do Lokomotiv e tudo normal até que cartazes começam a bombar em quadra – todos estampando o Z, símbolo de apoio à guerra. Então o jurídico da polonesa tinha em mãos o que precisava – provas legais para romper contrato sem riscos de processos civis. E outra situação motivava a ação – o Developres Rzeszów a queria nos playoffs da Liga Tauron. Isso mesmo, proposta para voltar a jogar na Polônia após quatro temporadas fora.
Com o caso do Z na torcida, o Lokomotiv baixa a bola e procura conversar na base da vodka mas, dessa vez, a oposto está decidida a fechar a conta – mesmo perdendo grana na rescisão. Tudo bem complicado porque a jogadora ainda estava na Sibéria; mas dias depois a tampa seria fechada e Malwina Smarzek deixaria o país.
Início de maio e já com um mês de Polônia, ela surpreende ao pedir licença da seleção polonesa na Liga das Nações. Havia cumprido cinco jogos pelo Rzeszów nos playoffs da Liga Tauron e, nesse ínterim, recebe mensagem from Brazil: documento detalhado do Osasco Vôlei e assinado pelo técnico Luizomar de Moura. No final do mês ela avisaria que não continuaria no time.
HOSTILIZADA NA POLÔNIA
Nas semifinais da Tauron, o Rzeszów bateu playoff contra o ŁKS Commercecon Łódź. A opoto jogou barbaridade mas sofrendo agressões da torcida rival que entrou com faixas tipo: Smarzek, volte pra Rússia.
Isso pegou forte e a jogadora até chorou. Mas depois ela deu reposta à altura, postando na rede: “Alguns estão fazendo faixas, outros estão chegando à final” – referência à manifestação da torcida agressiva do Łódź e à classificação do Rzeszów.
A apresentação dela para temporada no Brasil surpreendeu até a mídia polonesa, ainda que os rumores já circulassem. O que pegou de surpresa foi Osasco quebrar o padrão – até então, o costume era de anunciar reforço a reforço. Dessa vez o clube chega numa tacada só e via redes sociais apenas, um vídeo curto que segue bombando na Polônia.
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