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29 de setembro de 2024
QG Notícias

Hervy centenária, apagada da história na Osasco de 61 anos

Osasco está em festa pelos 61 anos de emancipação política de São Paulo, data selada em 19 de fevereiro de 1962. Quando o cidadão de seis décadas atrás saía às ruas celebrando o momento, a nova cidade contava com um marco de progresso e também vinculado à cultura do até então bairro paulista – a Cerâmica Hervy.

Em 1962 a empresa contava 50 anos, história que tem nascente nas mãos do próprio fundador de Osasco. Sim, Antônio Agu montara olaria fabricando telhas e tijolos em 1884, empreendimento que no século seguinte daria lugar à Cerâmica Industrial de Osasco que ampliava a produção com louça sanitária numa área central às margens da linha ferroviária. Em 1950 os prédios antigos da cerâmica foram demolidos para construção da rodoviária, ladeada à nova sede da indústria que tinha no comando Herman Levi – daí o nome Hervy.

De 1962 até o 19 de fevereiro de agora, Osasco ostenta-se entre as cidades mais ricas de São Paulo e do Brasil, potência ainda em fase de crescimento. No entanto, como em Sampa de Caetano Veloso, o crescimento feroz da cidade ergue e destrói coisas belas. No caso da Hervy o valor é cultural, riqueza que Osasco não soube valorizar. Com a marca caindo em declínio e enfrentando crises no início dos anos 2000, o fechamento deixaria toda aquela área em abandono generalizado.

TOMBAMENTO HISTÓRICO

Quando vereador, Jair Assaf entrou com projeto em 2003 na Câmara Municipal por tombamento histórico mas sem sucesso. Aliás, sete anos depois o próprio Legislativo aprovaria o projeto da prefeitura – demolir tudo, urbanizar a área, varrer a história.

História que tem muito a contar. No início do século passado, empresas de olaria e de cerâmica eram top do mercado – as primeiras mantinham os rudimentos fabricando tijolos e telhas; as segundas trabalhavam manilhas, tubos, azulejos, potes, talhas, louças, porcelanas…

Osasco tem outro histórico, Dimitri Sensaud de Lavaud, engenheiro inventor que realizou o primeiro voo do Brasil sobre a Avenida João Batista em janeiro de 1910. No final do século 19 ele era um dos franceses que arrendaram a olaria do fundador Antônio Agú.

Sob essa gerência, a olaria evoluíra para cerâmica e ampliava a produção para o sistema de água e esgoto, vasos sanitários e mais. Lavaud construiu fornos, depósito de argila e levantou chaminés que marcavam o progresso no complexo industrial numa área de 8.000m².

De Antônio Agu para Sensaud, daí para Henry Levy. Osasco sepulta um grande legado e hoje fala em eleger cachorro-quente como patrimônio. Enquanto isso, aquela área da Hervy segue um grande abandono ao lado da rodoviária, um grito contínuo testemunhando contra a força da grana de destrói….

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