Os Estados Unidos estão sangrando por conta da política do ódio que ameaça democracias. Dois congressistas e cônjuges foram baleados na manhã deste sábado, um casal morreu, outro luta pela sobrevivência.
A deputada estadual Melissa Hortman e o esposo Mark Hortman foram assassinados a tiros em Minneapolis, no mesmo plano de ataque, o senador John Hoffman e esposa Yvett foram baleados e lutam pela sobrevivência.
Segundo a polícia, essa campanha extremista deu-se num intervalo de 90 minutos e a caça está aberta por Vance Luther Boulder, suspeito identificado que tem essas características: branco, 57 anos, 1m85, 100 quilos, cabelo e olhos castanhos – informação detalhada por Dreaw Evans, superintendente do Escritório de Detenção Criminal de Minnesota.
Está confirmado que o assassino se passou por policial para não levantar suspeitas – usava veículo e paramentos militares.
O governo Trump reage aos ataques como algo terrível – Pam Bondi é a procuradora-geral e qualifica os fatos como violência horrível, que os responsáveis enfrentarão todo o peso da lei.
As vítimas são do Partido Democrata que se opõe ao sistema Trump de governar. Neste sábado, Minnesota tinha uma grande manifestação de protesto com o lema “Sem Reis”, cancelada pelos ataques.
Essa manifestação dos democratas bateria de frente com a ostentação de Trump que tinha desfile militar à tarde – o primeiro em 30 anos na capital. As principais queixas contra o governo: política migratória drástica, ataques à educação e à imprensa; autoritarismo e ultraconservadorismo.
POLÍTICA DA PÓLVORA
Os EUA têm longa ficha histórica de extremismo político, o que acontece hoje faz parte dessa cultura do ódio que é secular. Com Trump no segundo mandato na presidência, os temas extremistas ganham reforço – autoritarismo, negacionismo e desinformação.
Desde 2016, Donald Trump ataca a imprensa, o Judiciário, questiona a ciência, desqualifica a minoria e questiona as eleições livres. Por conta dessa bandeira flamejante, em 6 de janeiro de 2021 deu-se a invasão do Capitólio com os vândalos acusando fraude eleitoral a favor de Joe Biden.
EXTREMA DIREITA DOS EUA ESPELHADA NO BRASIL
Se em 6 de janeiro os EUA passaram pela humilhação do ataque ao Capitólio, em 8 de janeiro de 2023 o Brasil chorou com o atentado aos Três Poderes; nos EUA o trumpismo feroz, no Brasil o bolsonarismo agressivo.
Jair Bolsonaro governou o país tendo Trump como modelo, tanto que seguiu a mesma pauta discursiva – ataque à imprensa, contra o sistema eleitoral mais teorias conspiratórias (perseguição política).
Semana passada no Supremo Tribunal Federal, ao ser interrogado no processo de atentado de golpe de Estado, o ex-presidente revelou, por exemplo, que havia uma minuta de operação de fuga – que os militares tinham um plano de evasão em caso de insurreição contra.
O ministro Alexandre de Moraes questionou o réu sobre essa operação de fuga, qual motivo do plano dentro do movimento que articulava o golpe de Estado – Jair Bolsonaro não soube justificar. Isso revela a profundidade do pensamento conspiracionista que sustenta as tentativas de subversão democrática.
COM A BANDEIRA AMERICANA
Em abril passado teve manifestação bolsonarista em São Paulo, o movimento era pela anistia aos atos de 8 de janeiro e Jair Bolsonaro discursou. No palanque havia bandeira dos Estados Unidos e o ex-presidente exaltou o governo Trump.
Bolsonaro chegou a falar em inglês, numa demonstração de amor ideológico. No mais, reforçou que o filho Eduardo, que mudou-se para os EUA, faz um trabalho de articulação por apoio internacional contra as decisões do STF.
SANGUE DERRAMADO
Os atentados em Minneapolis agravam as estatísticas do fundamentalismo político nos Estados Unidos onde o diálogo, a tolerância e o respeito constitucional sofrem corrosões seculares.
O extremismo no Brasil está agora exposto pelo STF, que passa a detalhar a tremenda articulação radical da direita, mobilizada contra instituições e para desacreditar a democracia.
O sangue derramado em Minnesota é um grande farol de alerta para que a democracia seja defendida do extremismo que abandona o diálogo e empunha a violência.