Basta entrar no universo da Inteligência Artificial, fazer um pedido como no conto de Aladim e vupt, em instantes surge um texto absolutamente correto até o ponto final. Seja qual for o tema, qualquer um que esfregue a lâmpada mágica tem ao dispor um gênio que domina toda e qualquer área do conhecimento.
Um robô tão poderoso que produz poemas, músicas, imagens, pinturas, desenhos, projetos técnicos, receitas culinárias, médicas; também serve como divã terapêutico para aconselhamento e, claro, até receita para conquistas amorosas e para qualquer assunto do conflito humano.
Esse gênio da lâmpada do século XXI está apenas no início dos milagres e, então, o leitor já fica naquela de desconfiar se o texto que está lendo agora é ou não humano. Neste domingo, desconfiar do texto tem a ver porque hoje comemora-se o Dia do Jornalista.
Essa jornada vem desde a fundação da Associação Brasileira de Imprensa em 1908 no Rio de Janeiro, à mão de Gustavo de Lacerda. Pouco a pouco, aquele sistema primário de informação foi evoluindo até as bancas de jornais estarem abarrotadas.
Chegando a década de 90, todo mundo seria impactado com a internet, ferramenta que agora entra no segundo módulo – a já citada lâmpada mágica que é a Inteligência Artificial.
Muitas redações já dispensam repórteres humanos porque o editor pode dar conta de quase todo conteúdo contratando a IA – a imprensa ainda está nos primeiros passos nesse mar e as ondas nem chegam aos joelhos.
E então, este texto é produzido por robô ou é produção humana? Sim, a IA pode apresentar um conteúdo bem melhor do que este assinado por Márcio Silvio e, por fim, o site QG Notícias poderia estar totalmente robotizado e ganhando infinidade de curtidas.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DEPENDE DO HUMANO, POR ENQUANTO
Nesse primeiro estágio, a Inteligência Artificial atua dentro do próprio nome – produz artificialmente porque depende do que a mão humana planta na internet desde o primeiro sinal no final dos anos 60.
Para todo e qualquer tema pedido ao gênio da lâmpada, uma varredura de segundos é feita em toda rede para o resultado também em questão de segundos. Repetindo, a IA depende do que a internet produz dia a dia.
No entanto, esse gênio deve chegar ao segundo módulo, quando não precisará mais dos resíduos online dos humanos porque terá seu próprio banco de dados armazenado e filtrado – deixando de ser tão artificial.
JORNALISTAS x INFORMAÇÃO INFORMAL
A Associação Brasileira de Imprensa foi fundada neste 7 de abril, estamos em 1908 e vendo Gustavo de Lacerda falando da imprensa com idealismo, indo contra o cenário que se apresenta porque se opõe ao jornal como empresa.
Sim, o patrono da ABI pensava nos jornais independente do capitalismo e funcionando num sistema comum, tipo cooperativas. Hoje, quem comanda a Associação Brasileira de Imprensa é Octávio Costa, que assumiu em 2022. E se a ABI ainda sustenta pautas idealistas, neste Dia do Jornalista e num ambiente de Inteligência Artificial, tem muito a discutir.
O ponto de salvaguarda da imprensa é que, por ora, a IA não tem autonomia de pesquisa além da internet, ou seja, não substitui o jornalista que investiga informação. Na contramão disso, a verdade é qualquer amador pode acessar a ferramenta e produzir um texto Nobel.
E onde a IA pode ajudar no combate ao lixo da desinformação? A ferramenta deve criar filtros contra notícias falsas mas, para isso, terá que atuar como vigia nas redes sociais e, certamente, questões de privacidade serão debatidas.
ROBÔ NÃO É JORNALISTA
Se este conteúdo fosse pela Inteligência Artificial, o leitor não encontraria nenhuma manifestação de sentimento porque o gênio da lâmpada é cem por cento impessoal; então, ao se deparar com um texto lindo de morrer, preste atenção se a linguagem é neutra e quase sempre genérica como previsões de horóscopo.
E qual o desafio da imprensa para não ser engolida pelo gênio da lâmpada? O primeiro passo é valorizar o profissional, blindar a produção intelectual, ter a IA como ferramenta de pesquisa e não como modelo de pauta. Por ora, robô não é jornalista.
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