A Igreja Católica tem 12 de outubro como data sagrada, fieis de todo Brasil venerando Nossa Senhora Aparecida. Nessa data há 30 anos, o fundamentalismo evangélico atacou barbaramente esse símbolo católico num programa de televisão.
Estamos em 1995, madrugada de domingo com a Rede Record apresentando O Despertar da Fé com o programa Palavra de Vida, selo da Igreja Universal do Reino de Deus e ancorado pelo bispo Sérgio Von Helder.
A santa dos católicos é louvada como padroeira do Brasil e o evangélico destilou ofensas contra o feriado religioso que vem desde 1980.
No pico do ódio, ele usou uma estátua da santa católica como sparring e desferiu chutes e socos, gritando que era um boneco feio, horrível e desgraçado.
O papa João Paulo II repercutiu para que os católicos não respondessem ao mal com o mal. Em seguida e alinhando essa norma, a Conferência dos Bispos do Brasil arvorou postura branda para evitar conflitos. No entanto, aconteceram manifestações públicas contra o chute.
Três dias após o bispo evangélico ter surrado a santa, o monsenhor José Maria Vasconcelos rezava no programa Santa Missa da TV Globo: “Livrai-nos do fanatismo religioso, provocador histórico de tantas perturbações mentais e políticas.”
Quanto ao supremo bispo Edir Macedo, dono da mídia e da Universal, disse que Von Helder agira como um menino. Fernando Henrique Cardoso era o presidente da República e comentou: “O Brasil é um país democrático conhecido por sua tolerância… qualquer manifestação de intolerância fere seu espírito de união, como o seu espírito cristão.”
O bispo fundamentalista mudou-se para os Estados Unidos ao ser condenado por discriminação religiosa e vilipêndio a imagem e retornaria em 1998 por ver o processo travado – dois anos e meio de prisão, regime semiaberto.
Sérgio Von Helder tem 66 anos, é natural do Rio de Janeiro. Seguiu a carreira militar e deu baixa como capitão do Exército e mantém a mesma linha dura de intolerância nos púlpitos evangélicos.
Vindo de família cristã (austríaca), em 1988 filiou-se à Universal. Na campanha presidencial de 1994, ele pregava que o candidato Lula era o próprio diabo.