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21 de novembro de 2024
QG Notícias

200 ANOS: o que o brasileiro comemorava em 1822?

Se o Brasil é um país vasto, parecia infindável para os cerca de 4,5 milhões de habitantes em 1822, ano que a história marca a independência política do reino de Portugal. Os brazucas nativos eram minoria, mais de 2 milhões eram escravos africanos e descendentes; junte-se aí a nação de 800 mil indígenas.

Neste 7 de setembro dos 200 anos do bicentenário da Independência, vale olhar para o cenário da época porque o Brasil é o mesmo nessa linha do tempo. Então, o que o brasileiro comemorava no ano do grito do Ipiranga? Bem, há uma história que revela espetacular trama política no entorno do dia 7.

No Brasil de 1822 um feriado era festejado em massa e o que o jovem D. Pedro I fizera em São Paulo em 7 de setembro demoraria um pouco para ser popular. Certo, o setembro de 1822 passou batido e o brasileiro estava contando os dias para 12 de outubro. Sim, eis a data nacional do momento e o império celebrava o nascimento e a aclamação de D. Pedro.

Para o brasileiro, isso representava a independência. Afinal, o país era autônomo e tinha reinado próprio. Certo, mas os políticos já orquestravam na contramão e foram batalhando para confrontar as datas. Os anos seguintes seriam de construção do dia 7 para afastar a nação dos símbolos da corte – mesmo tendo como protagonista o imperador.

Isso mesmo, não foi a assessoria de imprensa de D. Pedro I que emplacou setembro – a data foi articulada sob camuflagem política, ação que seguiria até o golpe da Proclamação da República que baniria a família imperial, demonizada e expulsa do país.

Mas a figura do herói era necessária e os políticos sustentaram o imperador como garoto propaganda desse novo País. No ano seguinte ao Ipiranga, o 7 de setembro teria comemoração reservada porque a grande festa nacional seria em 12 de outubro. Mas em pouquíssimos anos a política conseguiu virar o jogo, anular o aniversário imperial e cravar a nova data nacional.

Durante a Assembleia Constituinte de 1823 realizada em maio, o imperador destacava 7 de setembro como data importante no processo da independência (para abrandar a extrema direita). A partir de então, mais investimento da mídia política até que 12 de outubro caísse no esquecimento, totalmente engolido pelo dia de hoje.

Em 1825 acontece um boom internacional quando a Grã-Bretanha reconhece o 7 de Setembro como data histórica mais importante do Brasil. Por fim, nove anos após o grito que o Brasil de hoje celebra, o herói D. Pedro I era obrigado a abdicar do trono – esse foi o corte que a política queria para sepultar de vez o 12 de outubro, tampa fechada sobre o ex-imperador.

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